Como tratar as doenças cardiovasculares em mulheres com risco elevado

Como tratar as doenças cardiovasculares em mulheres com risco elevado

As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte entre homens e mulheres no Brasil e no mundo, representando cerca de um terço dos óbitos por todas as causas. As DCV envolvem diferentes condições, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e arritmias.

Embora os fatores de risco sejam amplamente conhecidos, o impacto dessas doenças pode variar significativamente entre os sexos, tendo as mulheres maior predisposição às doenças, devido a fatores biológicos e hormonais, como a menopausa, ou outras condições específicas, como aumento da pressão arterial na gravidez.1

Assim, compreender e tratar adequadamente as DCV, especialmente em mulheres que apresentam risco elevado, é essencial para reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida dessa população.1

Fatores de risco cardiovascular específicos em mulheres

Embora fatores tradicionais, como hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes mellitus, tabagismo, obesidade e sedentarismo sejam comuns a ambos os sexos, a população feminina apresenta particularidades que modificam a apresentação e a evolução do risco cardiovascular. 1

Entre os fatores de risco específicos das mulheres, destacam-se:

  • doenças autoimunes;1
  • menopausa prematura;1
  • síndrome dos ovários policísticos;1
  • terapia hormonal na menopausa;1
  • eventos gestacionais adversos, como pré-eclâmpsia, eclâmpsia e diabetes gestacional.1

Adicionalmente, fatores frequentemente subestimados, como histórico de violência, privação socioeconômica, baixa escolaridade, discriminação racial, depressão e ansiedade, exercem influência significativa sobre o risco cardiovascular feminino, embora ainda sejam pouco incorporados aos modelos tradicionais de estratificação.1

Estratégias para prevenção e manejo do risco cardiovascular em mulheres

A prevenção e os cuidados terapêuticos têm melhorado nas últimas décadas,3 sendo as melhores estratégias para reduzir a mortalidade e a morbidade por DCV em ambos os sexos.

No entanto, essa perspectiva exige atenção quando relacionada às mulheres, não apenas pelos fatores de risco tradicionais, mas também pela necessidade identificação precoce dos fatores psicossociais e específicos do sexo feminino.

A estratificação de risco deve considerar o curso de vida da mulher, com avaliação do risco global e ênfase no risco de longo prazo, mesmo em mulheres com comorbidades clássicas.1

O controle da pressão arterial é fundamental, com recomendação de estratégias de monitoramento moderno, como automonitoramento  domiciliar e acompanhamento remoto, para melhor adesão e ajuste terapêutico.

Essas estratégias integradas, baseadas em evidências e adaptadas às particularidades da saúde feminina, são essenciais para otimizar os desfechos cardiovasculares ao longo da vida.

O que muda no tratamento cardiovascular em mulheres?

Mulheres com doenças cardiovasculares são menos submetidas a intervenções, como coronariografia, angioplastia e revascularização, mesmo com perfil de risco semelhante ao dos homens.¹  No estudo CURE, 48% das mulheres foram indicadas para procedimentos clínicos, frente a 61% dos homens.

O status socioeconômico desfavorável, particularmente em mulheres de baixa renda, contribui para barreiras no acesso ao cuidado cardiovascular, o que pode impactar negativamente a mortalidade a curto prazo após eventos como a síndrome coronariana aguda (SCA).1

Tais diferenças reforçam a necessidade de condutas ajustadas às necessidades clínicas do público feminino, tanto no diagnóstico quanto no tratamento.

Benefícios do tratamento farmacológico e não farmacológico em mulheres

O tratamento das doenças cardiovasculares em mulheres com risco elevado deve ser baseado em duas frentes complementares: farmacológica e não farmacológica.

  • Tratamento farmacológico: inclui o uso de medicamentos anti-hipertensivos, como as estatinas de alta potência. Estudos mostram que as mulheres têm resposta positiva a essas terapias, desde que a prescrição seja adequada ao seu perfil clínico.1,2
  • Tratamento não farmacológico: envolve diferentes ações para controle da progressão das DCV, como mudança de estilo de vida (alimentação saudável, atividade física regular e controle do peso), abandono do tabagismo, redução do consumo de álcool, acompanhamento psicológico, com estratégias para redução de estresse e burnout, que têm impacto direto na saúde do coração.1

Essas abordagens, quando combinadas, podem promover melhor controle clínico e redução de eventos cardiovasculares ao longo do tempo.

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Referências:

  1. BARRETTO, A. C. P.; KRIEGER, J. E.; MANSUR, A. P.; SOUZA, M. F. M. Doença cardiovascular na mulher: prevenção, diagnóstico e tratamento. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 119, n. 5, p. 815-826, 2023. Disponível em: https://abccardiol.org/article/posicionamento-sobre-a-saude-cardiovascular-nas-mulheres-2022/. Acesso em: 25 abr. 2025.
  2. LEE, Y. J.; HONG, S. J.; KANG, W. C.; et al. Rosuvastatin versus atorvastatin treatment in adults with coronary artery disease: secondary analysis of the randomised LODESTAR trial. BMJ, v. 383, e075837, 2023.
  3. Raitakari OT, Mäkinen VP, McQueen MJ, et al. Computationally estimated apolipoproteins B and A1 in predicting cardiovascular risk. Atherosclerosis. 2013;226(1):245-251.

 

BR-LIPI-2025-00012 – Julho/2025
BR-NON-2024-00084