Quais os tratamentos para a insuficiência cardíaca?
Insuficiência cardíaca: desafios da adesão ao tratamento
As doenças cardiovasculares representam um dos principais desafios para a saúde pública em todo o mundo, sendo responsáveis por significativas taxas de mortalidade.
Estima-se que cerca de 14 milhões de brasileiros enfrentem alguma forma de doença cardiovascular, conforme dados fornecidos pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.1
O tratamento dessas condições abrange diversas abordagens que incluem o acesso aos medicamentos, orientações nutricionais, prática de atividades físicas, entre outros.2
Dentre essas patologias, destaca-se a insuficiência cardíaca, uma condição clínica complexa e progressiva que afeta milhões de pessoas no mundo.1,2
A importância do diagnóstico eficaz da insuficiência cardíaca
A insuficiência cardíaca é uma condição crônica que afeta o coração e compromete sua capacidade de bombear o sangue de forma eficaz.3
À medida que a insuficiência cardíaca progride, os pacientes podem experimentar uma redução na capacidade de exercício e dificuldade em realizar atividades cotidianas.3
Além dos sintomas relatados pelos pacientes, a insuficiência cardíaca pode ser identificada por meio de sinais físicos observados durante o exame clínico. O acúmulo de fluidos pode levar ao edema em extremidades inferiores e em outros locais, como os pulmões (edema pulmonar). Durante o exame, o profissional de saúde pode detectar taquicardia, ritmos cardíacos anormais e sopro cardíaco, que são indicativos de possível comprometimento cardíaco.3
O diagnóstico adequado da insuficiência cardíaca requer exames complementares específicos, como o ecocardiograma, permitindo a avaliação da função cardíaca. Já o eletrocardiograma é fundamental para identificar ritmos cardíacos anormais e alterações elétricas no coração. Além disso, a medição de biomarcadores cardíacos, como o peptídeo natriurético tipo B, também pode fornecer informações importantes para apoiar o diagnóstico.4
A classificação da insuficiência cardíaca é essencial para determinar a gravidade da doença e guiar o tratamento adequado. A classificação funcional mais amplamente utilizada é a da New York Heart Association (NYHA), que varia de classe I (sem sintomas durante atividade física) a classe IV (sintomas mesmo em repouso).3,4
Apesar de ser um problema cardíaco debilitante, o diagnóstico precoce é beneficial para o tratamento e a qualidade de vida dos pacientes, refletindo positivamente na saúde pública do Brasil.4
Impacto da insuficiência cardíaca no sistema de saúde
No Brasil, são mais de 3 milhões de pessoas afetadas pela insuficiência cardíaca, sendo a principal causa de hospitalização do sistema cardiovascular. Estima-se que 240 mil novos casos sejam diagnosticados por ano.5,8
O paciente tem expectativa de vida reduzida, com sobrevida mediana após o diagnóstico, de 1,7 anos para homens e 3,2 anos para mulheres.7
Quando avaliado o tratamento clínico, em até 90 dias após a alta hospitalar, 50% dos pacientes são readmitidos. Já a mortalidade intra-hospitalar é superior a 12%. Além disso, apenas 35% dos pacientes recebem orientações adequadas na alta hospitalar.7
Com um cenário desafiador, é importante explorar os tratamentos disponíveis, buscando melhorias na qualidade de vida e resultados clínicos positivos para os pacientes.4
Quais os tratamentos para insuficiência cardíaca?
O tratamento da insuficiência cardíaca visa melhorar a vida do paciente, reduzindo sintomas e complicações, além de diminuir o avanço da doença.
As principais abordagens terapêuticas incluem:2,4
Medicamentosa: diversos medicamentos podem ser prescritos para o tratamento da insuficiência cardíaca. Entre os mais comuns estão:
● inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) ou bloqueadores do receptor de angiotensina (BRA);
● betabloqueadores;
● diuréticos;
● antagonistas do receptor de mineralocorticoides.2,4
Dispositivos implantáveis: alguns pacientes podem se beneficiar da implantação de dispositivos médicos, como:4
● ressincronizador cardíaco (marcapasso especial);
● desfibrilador cardioversor implantável (DCI);
● cirurgia.4
Estilo de vida saudável: adotar um estilo de vida saudável é fundamental para o manejo da insuficiência cardíaca. Isso inclui manter uma dieta equilibrada, reduzir o consumo de sal, praticar exercícios físicos regulares e não fumar.4
Monitoramento e acompanhamento: a insuficiência cardíaca é uma condição crônica que requer acompanhamento médico frequente. O monitoramento adequado é essencial para ajustar os medicamentos conforme necessário e detectar possíveis complicações precocemente.4
Quais os desafios para a adesão ao tratamento cardiovascular?
A adesão ao tratamento da doença cardiovascular é um desafio tanto para o paciente, que precisa adaptar seu estilo de vida, quanto para o médico, que deve comunicar os riscos e benefícios da terapia.4
Pesquisas mostram que muitas pessoas no Brasil não seguem adequadamente o tratamento com medicamentos para doenças crônicas. Assim, é necessário que os profissionais de saúde trabalhem juntos para enfrentar as diferenças regionais e sociais existentes.9
Para melhorar a aderência, é fundamental que a Cardiologia preventiva moderna enfatize a conscientização, intervenção e comunicação como principais ferramentas. Além disso, a conversa entre o médico e paciente deve ser revista, com maior tempo de consulta e acompanhamento dedicado à compreensão das questões emocionais, psicológicas e sociais e econômicas dos pacientes.9,10
O médico deve explicar detalhadamente ao paciente sobre os medicamentos necessários para o tratamento, incluindo os horários e os possíveis efeitos colaterais.9
Além disso, é importante destacar aos pacientes que algumas escolhas de estilo de vida podem afetar a saúde do coração. Boas práticas incluem exercícios físicos, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e cigarro, e adotar uma alimentação saudável.9,10
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FAQ
Quais os sintomas da insuficiência cardíaca?
Os sintomas variam entre os pacientes, sendo os mais comuns a dispneia (falta de ar), fadiga, inchaço em membros inferiores e ganho de peso. À medida que a insuficiência cardíaca progride, os pacientes podem experimentar uma redução na capacidade de exercício e dificuldade em realizar atividades cotidianas.3
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Quais os tratamentos para insuficiência cardíaca?
Os tratamentos para insuficiência cardíaca incluem medicamentos, dispositivos médicos implantáveis, cirurgias, adoção de um estilo de vida saudável e monitoramento médico regular.2,4
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Quais os desafios para a adesão ao tratamento cardiovascular?
Desafios para a adesão ao tratamento cardiovascular incluem complexidade do tratamento, efeitos colaterais, falta de compreensão, fatores psicossociais, acesso limitado, falta de suporte e comportamentos não saudáveis. A abordagem multidisciplinar, comunicação clara e apoio são essenciais para superar esses obstáculos.9
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Referências:
1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (Brasil). Cardiômetro. 2022. Disponível em: http://www.cardiometro.com.br/. Acesso em: 25 out. 2023.
2. BRAGA, Fabiana Goulart Marcondes; MURAD, Ciro Mancilha. Análise crítica dos estudos com eplerenona em pacientes após infarto agudo do miocárdio (EPHESUS) e com insuficiência cardíaca (EMPHASIS-HF). CronoCardio: Tempo a favor da vida. São Paulo, p. 1-14. 2023. Disponível em: https://www.viatrisconnect.com.br/-/media/Project/Common/ViatrisConnectComBR/PDF/REVISTA-CRONOCARDIO.pdf. Acesso em: 26 jul. 2023.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Minas Gerais. Atenção Especializada. Insuficiência Cardíaca (IC) no Adulto: avaliação inicial - crônica. Avaliação Inicial - Crônica. Disponível em: https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/insuficiencia-cardiaca-(IC)-no-adulto/atencao-especializada/avaliacao-inicial/#pills-avaliacao-clinica. Acesso em: 26 jul. 2023.
4. MARCONDES-BRAGA, Fabiana G. et al. Atualização de tópicos emergentes da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca–2021. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 116, p. 1174-1212, 2021.
5. Stevens B, Pezzullo L, Verdian L, Tomlinson J, George A, Bacal F. The Economic Burden of Heart Conditions in Brazil. Arq Bras Cardiol. 2018 Jul;111(1):29-36.
6. Oliveira GMM,Brant LCC, Polanczyk CA, Biolo A, Nascimento BR, Malta DC, Souza MFM, et al. Estatística Cardiovascular – Brasil 2020. Arq. Bras. Cardiol. 2020;115(3):308-439.
7. Albuquerque DC, Neto JD, Bacal F, et al. I Brazilian Registry of Heart Failure - Clinical Aspects, Care Quality and Hospitalization Outcomes. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 2015 Jun;104(6):433-442.
8. Cestari VRF, Garces TS, Sousa GJB, et al. Spatial Distribution of Mortality for Heart Failure in Brazil, 1996 - 2017. Distribuição Espacial de Mortalidade por Insuficiência Cardíaca no Brasil, 1996-2017. Arq Bras Cardiol. 2022;118(1):41-51.
9. Duffy EY, Ashen D, Blumenthal RS, Davis DM, Gulati M, Blaha MJ, et al. Communication approaches to enhance patient motivation and adherence in cardiovascular disease prevention. Clinical Cardiology. 2021. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.ov/pmc/articles/PMC8427972/. Acesso em: 23 out. 2023.
10. Marcelo D, Giorgi A. Estratégias para melhorar a adesão ao tratamento anti-hipertensivo Strategies for improvement of compliance to high blood pressure treatment Hipertensão arterial tratamento, adesão. Rev Bras Hipertens. 2006. Disponível em: http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/13-1/11-estrategias-para-melhorar.pdf. Acesso em: 25 out. 2022.
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BR-NON-2024-00084