TDM e a relevância das monoaminas na compreensão da doença

TDM e a relevância das monoaminas na compreensão da doença

O Transtorno Depressivo Maior (TDM) é uma condição psiquiátrica que está associada a sintomas como distúrbio do sono, perda do apetite, amotivação, anedonia e ideias autodestrutivas.1,5 

Segundo estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2020, estima-se que mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo vivam com TDM. Dos pacientes com a condição, apenas 20% recebem tratamento adequado.5

A teoria das monoaminas na fisiopatologia do TDM 

Entre um dos modelos fisiopatológicos para a causa, está a teoria das monoaminas, que destaca que o TDM está associado ao polimorfismo em genes relacionados à redução de serotonina, noradrenalina e dopamina no sistema nervoso central.1

A redução dessas substâncias químicas observada em pacientes com TDM pode estar relacionada a diferentes fatores,1 como a depleção de seus precursores, o triptofano e a tirosina,2 alterações genéticas que afetam transportadores e receptores envolvidos na neurotransmissão,1,2 além da maior atividade de enzimas como a monoaminoxidase, que promovem sua degradação no sistema nervoso central.2

De forma geral, a depressão está associada à menor concentração sináptica de neurotransmissores decorrente da liberação reduzida dessas substâncias, ainda que os processos de recaptação permaneçam atuando de modo fisiológico.

Entretanto, embora a teoria seja um dos modelos mais aceitos, sabe-se que as causas do transtorno envolvem fatores complexos e multifacetados, como questões biológicas, psicológicas e sociais, e não apenas a redução dos níveis de monoaminas.3,5

Aspectos genéticos e neuroquímicos no TDM

Polimorfismos em genes como o SLC6A4, que codifica o transportador de serotonina, e na enzima triptofano-5-hidroxilase (TPH), envolvida na síntese desse composto, afetam diretamente a produção e a disponibilidade da serotonina.1,2 

Essas alterações têm sido associadas as disfunções em regiões cerebrais, como o hipocampo e o córtex pré-frontal, áreas envolvidas na regulação do humor e da cognição.1

A norepinefrina, sintetizada no locus coeruleus por neurônios noradrenérgicos, apresenta redução significativa em pacientes com depressão.2 Essa queda pode estar associada à disfunção desses neurônios e à superexpressão do transportador NET, observada em situações de estresse crônico moderado, o que leva à menores níveis de norepinefrina e à inativação da sinalização.1,2

A dopamina, por sua vez, exerce papel fundamental3 nos mecanismos de recompensa, motivação e aprendizado por reforço. No transtorno depressivo maior, sua sinalização fásica encontra-se comprometida, o que contribui para sintomas como a anedonia,1 que pode ser um indicador de disfunção dopaminérgica no organismo.5

Estudos que investigam a relação das monoaminas com o transtorno depressivo maior (TDM) evidenciam que a condição multifatorial,3,5 não se limitando somente a fatores ligados à rotina do paciente, mas a aspectos genéticos que podem ser transmitidos hereditariamente1 e hormonais que afetam diretamente a neurotransmissão. 

Esses elementos reforçam a origem multifatorial do transtorno3,5 e ajudam a explicar sua diversidade clínica e a variabilidade de manifestações entre os indivíduos.

Venlafaxina no TDM: evidências recentes em anedonia e amotivação

A venlafaxina, um inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN), tem demonstrado eficácia clínica em sintomas comumente resistentes ao tratamento antidepressivo, como anedonia e amotivação.3 

Estudos sobre o efeito da venlafaxina nesses sintomas analisaram dados agrupados de cinco ensaios clínicos randomizados e controlados por placebo, envolvendo 1.087 pacientes. A investigação avaliou o impacto da formulação de liberação prolongada (XR) sobre esses desfechos.4

A venlafaxina XR demonstrou eficácia superior ao placebo, promovendo uma melhora significativa nos sintomas de anedonia e amotivação em pacientes com transtorno depressivo maior. Ao final de 8 semanas, observou-se uma redução média de 2,7 pontos na anedonia e 0,8 ponto na amotivação, com alta significância estatística (p < 0,0001).4

A diferença entre os grupos foi evidente já na segunda semana de tratamento e aumentou progressivamente, reforçando o potencial da venlafaxina XR no alívio de sintomas centrais da depressão, como a perda de prazer e a falta de motivação.4

Diante de seu perfil de eficácia e das evidências farmacodinâmicas consistentes, a venlafaxina XR deve ser considerada uma opção de primeira linha no tratamento do transtorno depressivo maior, com ou sem comorbidade ansiosa, especialmente quando o foco está em sintomas específicos que impactam diretamente a qualidade de vida do paciente.3

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Referências:

  1. ALBUQUERQUE, S. T. de et al. A relação da teoria das monoaminas com o transtorno depressivo maior. Caderno Pedagógico, [S. l.], v. 21, n. 5, e3481, 2024. DOI: 10.54033/cadpedv21n5-072. Disponível em: https://ojs.studiespublicacoes.com.br/ojs/index.php/cadped/article/view/3481. Acesso em: 3 abr. 2025.
  2. MARTINS, Lidiane Aparecida; FERREIRA, Anna Caroline Silva. Ação dos neurotransmissores envolvidos na depressão. Revista Ciência e Saúde, Salvador, v. 11, n. 1, 2018. Disponível em: https://ensaioseciencia.pgsskroton.com.br/article/view/7590. Acesso em: 2 abr. 2025.
  3. FAGIOLINI, Andrea et al. Moving from serotonin to serotonin-norepinephrine enhancement with increasing venlafaxine dose: clinical implications and strategies for a successful outcome in major depressive disorder. Expert Opinion on Pharmacotherapy, London, v. 24, n. 15, p. 1715–1723, 2023. DOI: https://doi.org/10.1080/14656566.2023.2242264.
  4. MCINTYRE, Roger S. et al. Effect of venlafaxine on anhedonia and amotivation in patients with major depressive disorder. CNS Spectrums, Cambridge, v. 29, n. 3, p. 206–214, 2024. DOI: https://doi.org/10.1017/S1092852924000245.
  5. LAM, Raymond W. et al. Atualização de 2023 das diretrizes clínicas da CANMAT para o manejo do transtorno depressivo maior em adultos. The Canadian Journal of Psychiatry, [S.l.], v. 69, n. 9, p. 641–687, 2024. DOI: 10.1177/07067437241245384. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/07067437241245384. Acesso em: 28 mai. 2025.


BR-EFEX-2025-00009 – junho/2025
BR-NON-2024-00084